Minhas Publicações

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segunda-feira, 13 de maio de 2019

1.1. Recordar é Viver


1.1. Recordar é Viver
João Pacheco Lopes recorda.  O meu pai era João Lopes da comunidade do Costãozinho e casou se com minha mãe que era da comunidade de Roça da Estância filha do Senhor José Pacheco e de dona Marcolina de Jesus. Uniram-se e formaram uma família. Os parentes iam muito à casa da minha avó e viam exatamente como eles viviam as dificuldades que eles passavam na agricultura. O meu avô vendia fumo de corda, cebola, os produtos que plantava. Ele saía a vender pra trazer o sustento pra sua família. Vendia nos armazéns de Praia Grande/SC e trocava por alimentos que não produzia. Para comprar o próprio remédio, nas farmácias para criar os seus filhos.
Éramos onze filhos. Infelizmente um irmão faleceu tinha dez anos caiu um engenho de cana de açúcar por cima, por uma infelicidade. Meu pai estava moendo cana com os dois irmãozinhos e um não se salvou. Não cheguei a conhecer meu irmão, mas contam meus irmãos mais velhos que  estavam moendo cana e um boneco do engenho, tinha os dois furos e meu pai esqueceu-se de colocar o torno do furo de baixo, o boi levantou pra cima, pegou numa linha do engenho, derrubando o. Meu irmão mais velho correu e se defendeu o mais novo morreu embaixo de um pau do engenho.
Onde a gente se criava ajudando os pais a comprar os pedacinhos de terra, nem tínhamos idade para trabalhar. Já começávamos com cinco anos. Enquanto um colocava a cana o outro retirava o bagaço...
            Antigamente nós éramos criados assim, hoje as coisas estão evoluindo e nós que viemos para a vida pública, como a nossa vereadora que está buscando as nossas origens, quer mostrar aos mais jovens, as pessoas que estão estudando, o jeito que era e como vai ser daqui para frente. A vivência das pessoas e nós temos que acompanhar, mesmo nós tendo a 1ª e 2ª serie o que tive a oportunidade de estudar, como aconteceu comigo. Estudei dentro da casa da minha professora. Mas não foi por isso que deixamos de criar nossos irmãos e deixamos de criar nossos filhos. – Às vezes minha gente, o estudo não e tudo. As pessoas que estudam se clamam que não podem, não dá. Nos que não estudamos ajudamos a tocar um município para frente, uma comunidade. Muitas vezes pedi para aos meus pais queria estudar e meu pai dizia. Não vai porque um caminhão pode pegar você, te machucar e até mesmo matar. Era uma distância de uns 12 quilômetros a pé até Praia Grande-SC, tinha muita vontade, mas não tive oportunidade.
Nosso glorioso Padre Mariano, montado a cavalo ou a pé, ia visitar de casa em casa, muitas vezes foi na nossa casa. Nós corríamos porque tínhamos medo de padres. Mas ele aos poucos nos dava a benção e nos convencia ir à missa. Tomou café muitas vezes em nossa casa, que era servido sempre com humilde com batata doce assada no forno a lenha, pão de milho da roça. Hoje com a minha idade acabo indo pouco na igreja. O que recomendo aos jovens participar mais de suas comunidades igreja. Isso é muito importante para nossa vida. Há muito tempo atrás quando era jovem costumava ir na casa do pai do senhor Alcides Lopes atual presidente do sindicato, para comer arroz com leite, porque não tínhamos arroz em casa. Ele trabalhava na várzea onde dava o arroz. Isso tudo são as origens da gente.
Destaco outra pessoa importante para o município o Senhor José Vensceslau Scheffer, criado na lavoura, também exemplo de agricultor. Fazia cachaça colocava no tanque para depois que vender sua safra, pagar as prestações de suas terras, onde ele vive com sua família até os dias de hoje. E a gente nunca esquece o que somos agora e o que vamos ser daqui 50 anos. 


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