1.1. Recordar é Viver

Éramos onze filhos. Infelizmente um
irmão faleceu tinha dez anos caiu um engenho de cana de açúcar por cima, por
uma infelicidade. Meu pai estava moendo cana com os dois irmãozinhos e um não
se salvou. Não cheguei a conhecer meu irmão, mas contam meus irmãos mais velhos
que estavam moendo cana e um boneco do
engenho, tinha os dois furos e meu pai esqueceu-se de colocar o torno do furo
de baixo, o boi levantou pra cima, pegou numa linha do engenho, derrubando o.
Meu irmão mais velho correu e se defendeu o mais novo morreu embaixo de um pau
do engenho.
Onde a gente se criava ajudando os pais
a comprar os pedacinhos de terra, nem tínhamos idade para trabalhar. Já
começávamos com cinco anos. Enquanto um colocava a cana o outro retirava o bagaço...
Antigamente
nós éramos criados assim, hoje as coisas estão evoluindo e nós que viemos para
a vida pública, como a nossa vereadora que está buscando as nossas origens,
quer mostrar aos mais jovens, as pessoas que estão estudando, o jeito que era e
como vai ser daqui para frente. A vivência das pessoas e nós temos que
acompanhar, mesmo nós tendo a 1ª e 2ª serie o que tive a oportunidade de
estudar, como aconteceu comigo. Estudei dentro da casa da minha professora. Mas
não foi por isso que deixamos de criar nossos irmãos e deixamos de criar nossos
filhos. – Às vezes minha gente, o estudo não e tudo. As pessoas que estudam se
clamam que não podem, não dá. Nos que não estudamos ajudamos a tocar um
município para frente, uma comunidade. Muitas vezes pedi para aos meus pais queria
estudar e meu pai dizia. Não vai porque um caminhão pode pegar você, te
machucar e até mesmo matar. Era uma distância de uns 12 quilômetros a pé até
Praia Grande-SC, tinha muita vontade, mas não tive oportunidade.
Nosso glorioso Padre Mariano, montado a
cavalo ou a pé, ia visitar de casa em casa, muitas vezes foi na nossa casa. Nós
corríamos porque tínhamos medo de padres. Mas ele aos poucos nos dava a benção
e nos convencia ir à missa. Tomou café muitas vezes em nossa casa, que era
servido sempre com humilde com batata doce assada no forno a lenha, pão de
milho da roça. Hoje com a minha idade acabo indo pouco na igreja. O que
recomendo aos jovens participar mais de suas comunidades igreja. Isso é muito
importante para nossa vida. Há muito tempo atrás quando era jovem costumava ir
na casa do pai do senhor Alcides Lopes atual presidente do sindicato, para
comer arroz com leite, porque não tínhamos arroz em casa. Ele trabalhava na
várzea onde dava o arroz. Isso tudo são as origens da gente.
Destaco outra pessoa importante para o
município o Senhor José Vensceslau Scheffer, criado na lavoura, também exemplo
de agricultor. Fazia cachaça colocava no tanque para depois que vender sua
safra, pagar as prestações de suas terras, onde ele vive com sua família até os
dias de hoje. E a gente nunca esquece o que somos agora e o que vamos ser daqui
50 anos.
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