APRESENTAÇÃO
O município hoje Mampituba emancipou-se de Torres que por
sua vez, emancipou-se de Osório que por sua vez emancipou-se de Santo Antônio
da Patrulha, portanto nossa região até 1956 fazia parte do município de Santo
Antônio da Patrulha, assim sendo, baseada no livro Presença Açoriana em Santo
Antônio da Patrulha e Rio Grande do Sul de Vera Lúcia Barroso, temos que os
nomes: Teixeira, de Jesus, Machado, Ferreira, Cardoso, Duarte, Borges, Pereira,
Silveira, Faria, Monteiro, Martins, Costa, Oliveira, Coelho, Ramos, Rosa,
Santos, Rocha, Rodrigues, Matos, Barros, Lopes, Borba, Nunes, Gonçalves,
Conceição, Souza, Nascimento, Quadros, Espíndula, Melo, Ribeiro, Bitencourt,
Bernardes, Pacheco, vieram respectivamente das Ilhas açorianas.
Como se deu essa chegada? Não podemos esquecer que a
atual região de Mampituba era caminho de tropas, de luso brasileiros e
açorianos de número ou esparsos que vieram de Desterro (Florianópolis) e de
Laguna Santa Catarina. Em busca de sobrevivência através de terras onde
pudessem se estabelecer. Convém ainda citar que nos depoimentos orais encontramos
informações de que descendentes de luso açorianos que vieram de Laguna para
Santo Antônio da Patrulha e retornaram se estabelecendo aqui em Mampituba.
O ideal seria localizar os nomes dos
primeiros Açorianos que por aqui chegaram e se estabeleceram. Isso requer um
outro trabalho de fôlego nos arquivos da Cúria.
Iremos através deste registro relatar como se formaram as
comunidades do município de Mampituba, ano aproximado de formação das primeiras
comunidades, e a forma como aconteceu esta trajetória, com base em
historiadores que já escreveram sobre estes assuntos, através de pesquisa de
relatos orais, de pessoas idôneas, para que possamos ter um melhor entendimento
de nossas origens e da contribuição dos nossos antepassados com a história do
nosso povo.
“... É possível que a partir de 1730, já eram conhecidas
nossas serras, principal atalho para os tropeiros com suprimentos através do
porto de Laguna, por terra ou por mar através do rio Mampituba com acesso ao
porto da Colônia “ hoje Dom Pedro de Alcântara” ou mesmo através do morro dos
conventos em araranguá. Esta passagem mais tarde foi também responsável por
nossas relações comerciais onde vendíamos todos os produtos aqui produzidos ou
cultivados para os gaúchos e mesmo para o norte do País.
Nossas terras
segundo a história do próprio país eram super povoadas por indígenas, em épocas
bastante próximas ao descobrimento do Brasil.Por estarmos aqui situados, onde
dificilmente os navegadores subiriam mais rumo ao sul, temendo os fortes ventos
que sopravam nesta região. As trilhas eram feitas normalmente costeando o rio,
seguia em direção a Roça da Estância, pedra Branca ou subiam as seguintes
serras: Faxinal, Faxinalzinho, ou serra do Cavalinho na pedra Branca. Única trilha
para tropeiros, no entanto já havia na época alguns atalhos por dentro da mata,
mas isto só para índios ou algumas pessoas com bastante conhecimento em
sertania.” (1) (Ronsani, Gilberto. P.40)
Por ocasião da Revolução
farroupilha (1835-1845) uma senhora com o sobrenome Nascimento, proprietária da
fazenda “Estância Grande” localizada na Azulega que fica entre Cambará do sul e
tainhas, abriu posse em terras do governo, abaixo da serra do cavalinho à
esquerda do rio Mampituba. Para cá enviou escravos e as primícias do rebanho:
cavalos, gado, etc. A esta posse foi dado o nome de Roça da Estância. Com o
passar dos tempos mais pessoas vieram morar nos arredores de Roça da Estância.
No livro de Ruchel (Torres Origens, p.75) está registrado
que nos anos 1840 já passaram por esta
região revolucionários da guerra dos farrapos.
“...Ao longo da primeira guerra dos farrapos, foi
importante a presença das forças revolucionárias. Bento Gonçalves tinha ficado
em Viamão com menos de 600 homens, pressionados por tropas caramurus saídas de
Porto alegre. Resolveu manobrar sua retirada. Em 10/12/1840, saiu de Viamão com
seus revolucionários, levando quatro peças de artilharia e 2000 cavalos. Sua
primeira intensão foi subir a serra do Maquiné (hoje serra do Umbú) para
unir-se a Canabarro, e por isso marchou na direção da freguesia da Serra
(Conceição do Arroio, hoje Osório) Ao perceber que o trajeto estava
interceptado, virou a direção para leste e atravessou o rio Tramandaí no passo
da lagoa. Aí no dia 12 perdeu 4 homens afogados e 150 cavalos.
Prosseguiu
para o norte pela estrada do campo. Parece que havia o projeto de dobrar a
esquerda entre a Lagoa dos Quadros (naquele tempo ainda chamada lagoa do
Inácio) e a da Itapeva, para escalar a serra na mesma picada de Três
Forquilhas, por um mês antes Canabarro havia subido. Como tal não fosse viável,
porque o legalista Maj. Rodrigo Antônio da Silva já controlava a passagem da Terra
de Areia, Bento Gonçalves decidiu tentar a serra do vale do rio Mampituba.
Começou
então uma sensacional corrida entre os revolucionários e imperiais em cada lado
da lagoa Itapeva. Pela via do campo, a leste marchava os farrapos, a cavalaria
à frente, a artilharia e infantaria atrás. E pelo lado de dentro da lagoa, mais
ou menos onde passa a BR 101 e naquele tempo apenas havia caminhos coloniais,
os caramurus do Maj. Rodrigo, apressando-se para ocupar o Passo do Rio Verde e
impedir a subida do general Farrapo.
Os rebeldes foram mais ligeiros porque vinham pelo campo
aberto. Numa lagoa do caminho jogaram fora seus canhões, munição e arreios
excessivos, para andar mais depressa. Tomaram a estraada do Faxinal passando
cerca de 5 km a oeste da localidade de Torres, e depois o caminho a beira do
Mampituba, atravessaram o rio monteiro (passo do Rio Verde) e subiram a serra
na picada do cavalinho, nas escabrosas veredas perderam de 500 a 1000 animais,
depois recolhidos pelos inimigos, bem
como cerca de metade da tropa, de 200 a 300 homens debandados e caídos em poder
dos perseguidores. Os legalistas chegaram ao passo do Rio Verde com a diferença
de poucas horas e não puderam evitar a retirada de Bento.
Este episódio deslocou a revolução para o interior da
província, deixando o litoral mais tranqüilo durante os outros cinco anos que
ainda durou a guerra”.
Como se deu essa passagem? Segundo relato de alguns
moradores que afirmam haver nesta mesma época, pessoas refugiadas da guerra que
por aqui passaram para se esconder, fugir dos rebeldes, com medo de morrer,
acabava se escondendo no meio das matas, deserdando das tropas que ora
acompanhavam.
Nas imediações da sede do município de Mampituba que fica
situado a esquerda do rio Mampituba, divisa de Praia Grande santa Catarina.
Segundo o historiador Gilberto Ronsani, em seu livro Praia Grande cidade dos
Canyions, relata que esta comunidade tem passagens de pessoas anterior a 1830,
com a travessia do rio Mampituba e pelo fato de que as pessoas vindas de outras
regiões se instalavam as margens do rio Mampituba, inicialmente por Torres e
posteriormente se instalavam nas comunidades do interior, por entender que esta
era uma região de terras férteis e de boas pastagens para a criação de gado e
matas virgens para a exploração da madeira. A povoação desta comunidade se deu pelos
primeiros moradores: Moraes, Pereira, Silva, Ferreira de origem açoriana.
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